quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Televisão - para o bem e para o mal

Artigo "Televisão - para o bem e para o mal" de Ana Esteves da Revista Pais e Filhos nº58 de Novembro de 1995

Comentário

Mais importante do que fazer da televisão um “bicho-de-sete-cabeças” é saber ensinar às crianças a aproveitar o que ela tem de bom.

Muitas vezes são apontados dedos à TV como a grande culpada de todos os actos violentos e menos correctos que as crianças aprendem, pensando que a “TV como a grande responsável pela desintegração da família tradicional, pela falta de diálogo entre pais e filhos, pelo mau aproveitamento escolar das crianças (…)”.

Nos dias de hoje, esquecemo-nos que antigamente a violência nas crianças já existia e que as coisas erradas já se aprendiam, mas não eram expostas, divulgadas isto porque os meios de comunicação não tinham meios de o fazer. As crianças são o público especial mais vulnerável que é necessário, de certa forma, proteger. Todavia, é necessário existirem estratégias educativas e mentes esclarecidas, em vez de “reflexões fatalistas”. Como é do conhecimento de todos, a televisão não actua sozinha, e é também do conhecimento geral que a especificidade do publico infantil se deve às estruturas mentais da criança que estão ainda em processo de desenvolvimento e esse processo pode vir a ser afectado negativamente.

É muito importante que haja uma interpretação das mensagens televisivas, sendo que estas exigem das crianças uma aprendizagem tão complexa como, por exemplo, a aprendizagem da linguagem. Se uma criança não estiver preparada para interpretar o contexto televisivo, é natural e óbvio que isso a leve à formação de concepções erradas sobre a realidade. Existem factores que são grandes causadores da má formação face à TV, tais como: a idade, o conhecimento mais ou menos aprofundado dos modos de produção do meio televisivo, a motivação individual e o contexto social e ideológico da criança são condicionantes do modo como a criança é “atingida” por determinados programas.

Na nossa opinião é necessário que em casa haja mais proximidade entre adultos e crianças, visto que, se uma criança passa grande parte do tempo “colada” ao ecrã da TV é porque a sua experiência familiar e social é angustiante e insatisfatória, levando ao isolamento. Nesta situação a criança é, sem dúvida, o espectador mais vulnerável e influenciável.

O papel dos pais é fundamental, é importante que estes consigam transformar a experiência televisiva dos filhos numa experiência positiva e enriquecedora. É necessário a aquisição de valores e padrões sociais adequados e saudáveis. Na minha opinião, tudo se joga no saber utilizar a TV e ensinar os mais pequenos a desenvolverem eles próprios essa capacidade, os seus próprios comentários, reflexões, atitudes, valores, opiniões, entre outros.

Para que a televisão deixe de ser vista como um aspecto negativo no desenvolvimento da criança é importante que as crianças sejam acompanhadas nas horas frente ao ecrã e que surjam conversas, diálogos, comentários a cenas violentas ou de algum constrangimento, vergonha ou que causem qualquer impacto na criança, ajudando-a a compreender determinados actos. A TV ajuda a desenvolver o sentido crítico, mas este precisa ser trabalhado com a ajuda dos pais. A opinião sobre um programa que ensina algo e outro que só para entreter; a qualidade de outro programa, por exemplo, tudo isto ajuda a criança a construir a sua própria “escala de valores”.

A TV pode ser encarada como algo bom quando bem interpretada, face a isto, é necessária ajuda, paciência e vontade por parte dos adultos para ajudar as crianças a crescer com a televisão, desenvolvendo a sua consciência linguística e mental. O papel dos adultos é fundamental nesta formação.

Imagem retirada de: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEie95FKAvAB5n3bFsX6inuFu-Dm5VfVWmX5n-ZpQ5jf2SewRUNPdJRC6-5Tx7S4CvK5g8tC39-qzbM_rZHeBMZbXyHFuMl0IERIxSpjOGpOgeG_8w3xUiHjocC0ePvwpySer18ovxfQP4U/s320/vsh1102l.jpg

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